Páginas

sexta-feira, 13 de junho de 2008

De O Cebreiro a Triacastela

20.VII.2008
Em O Cebreiro me encantei com o Bico, um Mastin del Pirineus. Todas as vezes que passava por ele, agachava para conversar. Lindo, grande e dócil.


Aoefa em O Cebreiro_ Nos encontramos em diversos pueblos pelo caminho, como em Rabanal, Ponferrada, Villafranca Del Bierzo, O Cebreiro e Triacastela.



Kika
O Cebreiro amanheceu coberto por muita neblina e fazia frio. Saí para o café da manhã de camiseta e havaianas, mas logo fui calçar botas, jeans e casaco. Neste dia usei a Internet e escrevi diretamente no blog. É um domingo, 20 de julho de 2008.
Por volta de 3:30hs da manhã o silêncio era absoluto. Abri a janela e Ual, senti um medo muito cômico. Na verdade eu não gosto de escuro absoluto. Preciso de alguma luz para me orientar. E a cena da janela era tão escura que me assustou. Não era possível definir o céu e o fundo da cena. Fechei a janela rapidinho e me encolhi na cama com frio.

As 09:15hs, a neblina começou a passar e comecei a marchar. Daqui até Triacastela foram quase 30Km de descida. Quando falamos em descida, nos parece que tudo fica mais fácil. Mas não é verdade. Quando inclinamos o corpo para compensar o ângulo de descida, ficamos com os tendões, ligamentos e músculos, completamente estirados e neste momento é que estamos mais propícios a causar uma tendinite, como foi o meu caso na descida do Monte Teleno, e depois de ter subido o Monte Irago.
As paisagens são fantásticas, pois o ponto é bastante alto. Muitos morros e flores. E neste dia não existem mosquitos ao meu redor. O céu é tão azul que parece pintado. O caminho é todo tortuoso. Embora descer não seja fácil, preciso reconhecer que o clima mais frio colaborou demais para o meu bem estar. Senti me segura e tranquila durante as sete horas que caminhei completamente só. Passei por alguns pueblos, como Linhares e Fonfría. O caminho cruzava por várias vezes a carreteira. Tudo era lindíssimo porque o sol irradiava alegria e encantava o dia. Durante todo o tempo passei descendo, mas uma descida branda. Era empolgante saber que lá embaixo daquela grande montanha encontraria o meu destino.
Chegando em Triacastela, me sentei para descansar por uns 30 minutos no primeiro café que vi na entrada da pequena Vila. Estava suando demais. Bebi muita água enquanto aguardava o suor cessar. Depois fui procurar um lugar para almoçar.
Triacastela é muito singela e muito pequena. Sentei no restaurante Rio e lá fiquei por muitas horas. A comida estava excelente. Insalada mixta e trucha com gelato de sobremesa e um delicioso vinho da casa. Estava há duas horas ali sentada, numa esquina e a mesa do Rio, observando os peregrinos que não paravam de chegar na cidade. A pequena Triacastela estava cada vez mais alegre e bonita. Eu estava na rua principal, em que havia dois albergues para peregrinos.
No final da tarde fui procurar a Casa Veiga na vila rural e precisei andar mais 2 Km. Foram os dois quilômetros mais felizes de meu caminho, pois estava descansada, saciada e procurando o meu lugar de pousada. O percurso era encantador. Muitos pastos, cavalos e cheiro de mato. As cenas me remetiam a infância passada no interior. Num certo momento comecei a ver placas indicando o caminho da Casa Veiga e fiquei mais feliz ainda. Porém essa Casa Veiga custou a chegar. Aproveitei para caminhar tirando fotografias.




Está tarde de domingo foi uma das mais especiais que tive em minha vida, sentada numa esquina nos Montes da Galícia. Senti me realmente abençoada por ter sido chamada a fazer este caminho e viver uma experiência singular, mesmo que muito rapidamente.
Montanhas da Galícia
Quarto de dormir em O Cebreiro na Hospedaria San Giraldo de Aurillac.Quarto de dormir em Triacastela na Casa Veiga.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigada pelo carinho!